Wednesday, 3 October 2012

Artigo na revista Cavalo Árabe




Hoje em dia é possível encararmos com certa neutralidade a questão “verde”, ou ecológica, de preservação do meio ambiente, das reservas naturais e outras correlatas... Ou não? Quando o condomínio à beira do rio precisa construir uma guarita na entrada do prédio e se vê às voltas com a legislação sobre a margem de proteção obrigatória, descobre-se que usar alvenaria é vetado, mas se forem vidros não tem problema. Os moradores, portanto, devem votar se é melhor blindar ou não os painéis. E até que se chegue a um denominador comum e/ou que se obtenha a licença necessária, o porteiro fica ao sol, ao vento, à chuva, igualzinho ao visitante e aos empregados que chegam ao portão gradeado para se identificar.

Ao longo da rodovia Dutra, a mais movimentada estrada interestadual do Brasil, havia um trecho de, pelo menos, dois quilômetros arborizado com eucaliptos no centro e nas laterais. O terreno ligeiramente inclinado proporcionava um lindíssimo quadro para o viajante, que alcançava com os olhos uma baixada de várzea sempre verde e ao fundo montanhas rochosas altíssimas. A concessionária que explora a via decepou, exterminou, matou todas as árvores dali. Dá para aplaudir? Reclamar com quem?

Na zona sul do Rio de Janeiro, os postos de gasolina estão sendo aos poucos expurgados e os motoristas têm que ir cada vez mais longe para abastecer seus carros. É possível que haja uma real preocupação ecológica dos governantes, por causa das conhecidas infiltrações de combustível no solo, resultado de tanques subterrâneos mal vedados. Mas também fica a ligeira impressão de que alguém se beneficia(rá) com a especulação imobiliária, já que os terrenos liberados com a saída dos postos são valiosíssimos. No entanto, há produtos capazes de remediar este tipo de problema, sejam eles produzidos no Brasil ou no exterior...

Se formos falar em “ecologicamente correto”, ninguém gosta de ser apontado como decepador, exterminador ou matador de plantas, animais, rios... Mas existem aqueles que não demonstram qualquer preocupação com o meio ambiente e, inclusive, há os que são categóricos e afirmam que é bobagem qualquer tipo de cuidado.

É o caso do americano George Carlin. Artista de múltiplas facetas — ator, escritor, crítico, comediante, seu propósito na maioria das vezes era fazer rir, mas Carlin era mal-humorado, basta prestar atenção a algumas de suas frases famosas: “Eu falo comigo mesmo porque sou a única pessoa cujas respostas eu aceito”, “Em geral, a linguagem é uma ferramenta para disfarçar a verdade”, “’Sem comentários’ é um comentário”... Ele é radical ao afirmar que não adianta toda esta mobilização em torno de “salvar o planeta”: o planeta é um sistema que corrige a si mesmo, que não são ameaças as latas de alumínio e as garrafas plásticas acumuladas, pois são “filhas” da terra, que dará um jeito ou outro nelas.

O discurso de Carlin recomenda que nós, homens, habitantes desta bolinha redonda, azul e verde, deixemos de ser arrogantes. Afinal, esta coisa de querer controlar a natureza sempre nos coloca em maus lençóis. O planeta vai bem, obrigado, há quatro e meio bilhões de anos, mesmo com maremotos, terremotos, erupções vulcânicas, cometas e asteroides, raios magnéticos solares... Em vias de extinção estamos nós, meros passageiros, que desapareceremos juntamente com os outros noventa por cento de espécimes que já se foram da crosta terrestre: são vinte e cinco que somem para sempre por dia! Veja o vídeo em https://youtu.be/7W33HRc1A6c

E você, concorda ou discorda?

Ao menos um consolo para nós, brasileiros: se, por um lado, criamos nossos lindos cavalos Árabe conscientes de que eles geram emissões de carbono na atmosfera, por outro, damos nossa contribuição, rodando nossos carros movidos a combustível que leva álcool (solução verde) em sua mistura.

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