Tuesday, 8 April 2014

Na Revista Cavalo Árabe no. 53


 


Espelho, espelho meu

Hora do recreio para os animais de baias. Os treinadores distribuem os cavalos por diversos piquetes. Um deles faz um caminho mais longo. No cabresto, uma pequena tordilha. Cabeça alta, orelhas alertas, focinho dilatado, garganta longa, pescoço arqueado. As patinhas mal tocam o chão de areia enquanto anda. É deixada sozinha, longe dos companheiros, num cercado exclusivo. A explicação: ela não pode se machucar, crina e rabo têm que ser preservados. É animal especial, destinado aos concursos de beleza, não pode correr riscos ao brincar com outros...
Seria a solidão destino dos belos?

O filme “O Espelho tem Duas Faces” de 1996 trata sobre a beleza. Perguntam à personagem de Lauren Bacall como ela se sentia sendo bela e admirada, como era ver seu reflexo com tanta apreciação? Ao que ela responde: maravilhoso! O questionamento, no entanto, a leva a pensar sobre sua vida, como a formosura e a adoração dos outros orientaram seu comportamento ao longo do tempo. Ela se dá conta de que as formas atraentes lhe deram uma sensação de imortalidade e de que se esqueceu de olhar para as pessoas. Percebe que nunca amou a ninguém, tão absorta estava em si mesma!
A beleza não se limita às formas físicas. O espírito de uma pessoa pode ser belo. Uma composição musical pode ser bela. Uma dança, uma apresentação artística... coisas fugazes como um por de sol, um relâmpago que corta a noite escura. E a lista se estende.

Atribui-se à beleza de Helena, mulher do rei Menelau, o inicio de sangrenta guerra que durou 10 anos, quando foi raptada pelo príncipe Páris de Tróia em 1300 a.C, fascinado por ela. O conflito só terminou por causa de um cavalo de madeira, presente dos gregos — mas isto é história para uma próxima vez.
A formosura da alma de Madre Teresa de Calcutá doou alívio a muitos sofredores. Da mesma maneira como a princesa inglesa Diana. A voz de Edith Piaf encantou a muitos; os hinos da cantora Madonna têm um significado de beleza que fazem com que ela seja admirada por tantos.

A beleza cativa, encanta o observador e também diz-se que a beleza está no olho de quem vê. Claro, é um conceito relativo, que tem a capacidade de mudar através dos tempos. Mas há, com certeza, um consenso, embora não uma unanimidade, sobre o que é belo hoje em dia, com relação ao nosso cavalo Árabe.
A beleza de uma potra ou um potro é garantia de passaporte carimbado para viajar o mundo, fazer o circuito da fama: Paris, Aachen, Dubai, Las Vegas, Scottsdale. Morar em lugares exóticos, experimentar as areias do deserto e o gelo da neve. A nós, resta a torcida para que a trilha não seja solitária.

foto: guddipoland

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