Espelho, espelho meu
Hora do recreio para os animais
de baias. Os treinadores distribuem os cavalos por diversos piquetes. Um deles
faz um caminho mais longo. No cabresto, uma pequena tordilha. Cabeça alta,
orelhas alertas, focinho dilatado, garganta longa, pescoço arqueado. As
patinhas mal tocam o chão de areia enquanto anda. É deixada sozinha, longe dos
companheiros, num cercado exclusivo. A explicação: ela não pode se machucar,
crina e rabo têm que ser preservados. É animal especial, destinado aos
concursos de beleza, não pode correr riscos ao brincar com outros...
Seria a solidão destino dos
belos?
O filme “O Espelho tem Duas
Faces” de 1996 trata sobre a beleza. Perguntam à personagem de Lauren Bacall
como ela se sentia sendo bela e admirada, como era ver seu reflexo com tanta
apreciação? Ao que ela responde: maravilhoso! O questionamento, no entanto, a
leva a pensar sobre sua vida, como a formosura e a adoração dos outros
orientaram seu comportamento ao longo do tempo. Ela se dá conta de que as
formas atraentes lhe deram uma sensação de imortalidade e de que se esqueceu de
olhar para as pessoas. Percebe que nunca amou a ninguém, tão absorta estava em
si mesma!
A beleza não se limita às formas
físicas. O espírito de uma pessoa pode ser belo. Uma composição musical pode
ser bela. Uma dança, uma apresentação artística... coisas fugazes como um por
de sol, um relâmpago que corta a noite escura. E a lista se estende.
Atribui-se à beleza de Helena, mulher
do rei Menelau, o inicio de sangrenta guerra que durou 10 anos, quando foi
raptada pelo príncipe Páris de Tróia em 1300 a.C, fascinado por ela. O conflito
só terminou por causa de um cavalo de madeira, presente dos gregos — mas isto é
história para uma próxima vez.
A formosura da alma de Madre
Teresa de Calcutá doou alívio a muitos sofredores. Da mesma maneira como a
princesa inglesa Diana. A voz de Edith Piaf encantou a muitos; os hinos da
cantora Madonna têm um significado de beleza que fazem com que ela seja
admirada por tantos.
A beleza cativa, encanta o
observador e também diz-se que a beleza está no olho de quem vê. Claro, é um
conceito relativo, que tem a capacidade de mudar através dos tempos. Mas há,
com certeza, um consenso, embora não uma unanimidade, sobre o que é belo hoje
em dia, com relação ao nosso cavalo Árabe.
A beleza de uma potra ou um potro
é garantia de passaporte carimbado para viajar o mundo, fazer o circuito da
fama: Paris, Aachen, Dubai, Las Vegas, Scottsdale. Morar em lugares exóticos,
experimentar as areias do deserto e o gelo da neve. A nós, resta a torcida para
que a trilha não seja solitária.foto: guddipoland
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