de Luciana Pessanha
Para responder à pergunta formulada no título do livro é preciso acompanhar o personagem principal, Daniel Teixeira, 34, na sua angústia para escrever o tão sonhado livro que pretende deixar para a posteridade. Desempregado, sem a namorada jornalista como ele, fica satisfeito em usar bermudão (sic) e perseguir a musa inspiradora. Que lhe foge, que o abandona, que zomba dele.
Há contas a pagar e não há mais o contracheque no final do mês. Para resolver o problema monetário — como ele diz: a liberdade é cara — aceita a oferta de uma amiga de infância para usar o apartamento dela, que está viajando sem data para retornar.
Após algumas tentativas de se inspirar através da internet em sites para encontros amorosos, percebe que mergulhou no “útero” de uma mulher, a dona de sua moradia, com o mobiliário e a decoração essencialmente femininos, de paredes cor-de-rosa. A personalidade da amiga começa a aflorar em suas memórias e na exploração daquela casa, Daniel descobre um tesouro: cadernos e cadernos recheados de pensamentos e questionamentos de Ana.
Como um pirata, o personagem se apodera sem autorização daquelas anotações para servir de material para o famigerado livro. A narrativa mostra Daniel navegando entre a realidade — o bar, o futebol e a nova namorada de personalidade forte — e suas divagações provocadas pelos escritos de Ana.
Luciana Pessanha é roteirista, autora de Babilônia e Avenida Brasil, entre outras séries de televisão. Como resultado de sua experiência, seu texto é ágil e atual, de linguagem irônica, ferina... O livro é um deleite e sujeito a ser devorado de uma única vez. Um alívio ler autor brasileiro que não deixa gosto de amargura no final.
O grau de sensualidade, numa escala de 1 a 5, é três.
“Tudo bem que a Verônica é gostosa, mas essa qualidade de ereção depois de tanto vinho na cabeça?”
No comments:
Post a Comment