Muitos anos atrás, estivemos na capital Fira. Passeamos pelas ruelas, bebemos da vista, consumimos das lojinhas. No pátio em frente a uma igrejinha um senhor grego vendia cartões postais dizendo: "Habeschon, habeschon!" Na época a ilha fervilhava com alemães. O velhote oferecia seus cartões e os teutônicos diziam: já tenho, já tenho, ou seja, ich habe schon...
Esta visita de agora foi resultado de várias apostas perdidas (ou ganhas)... Arquipélago formado pela
explosão de um vulcão, o barato do local é a cratera na qual se adentra pelo
mar. O importante é não se abater na chegada no aeroporto!
Ficamos numa das extremidades do grande C de Santorini, que se chama Ia
(mas que se escreve Oia). Os invasores do momento são os chineses e, em
especial, as noivas chinesas. Com suas chinelas ou crocs, vestidos longos
brancos (algumas vezes aparece um azul ou um verde) de tecidos
brilhantes, com lantejoulas ou plumas, a cauda enrolada nos braços. Tiaras ou
chapéus, os cabelos em desalinho, acompanhadas por um fotógrafo, um ajudante e pelo noivo, todos suados e empoeirados.
Este,
de terno e gravata, carrega o buque e o sapato de saltos altíssimos da noiva.
Certamente ele é o último a falar e o primeiro a apanhar. No
entanto, alguns mostram personalidade na gravata borboleta ou no tom malva da
indumentária. O grupo sobe e desce as escadarias de Ia a procura da locação
perfeita para as fotos da feliz nubente. Eles param o trânsito intenso de
pedestres, invadem telhados...
Numa terra verticalizada, onde as casas são escavadas na
montanha, a laje é o pedaço do céu, é o contato com o sol, é a vista para o
mar. E faz o palco e o background perfeito para
a sociedade como a atual que celebra a própria imagem ad infinitum, ad nauseam .
Em Santorini os selfies abundam.
Os Sibaritas também.
Não
raro topamos com grupos de mulas transportando pessoas pelas subidas e descidas
locais. E até com uns baixinhos nos deparamos.
Os jegues simbolizam os gregos, o povo de Santorini e também sua intolerância quanto as pataquadas dos turistas mal educados.
Em Ia, as
pessoas e as embarcações se juntam para assistir ao sol se pôr no mar, na linha do horizonte e tudo fica cor de rosa...
E é assim que se criam os mitos. Palmas e assobios reverberam pelas casas
escavadas na montanha.
Uma
praia vermelha.
O
farol na ponta oposta a Ia.
300
degraus para o porto de Ia.
B&J a la grega!
Alguém aí quer bater uma aposta? Precisamos voltar em breve a nossa caverna.
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