Tuesday, 27 March 2018

Quando se é Bronco


Publicado numa revista Cavalo Árabe de 2016


Esportes de contato, esportes sem contato. Entre aqueles que são sem contato, há os que acabam com umas pancadinhas aqui e ali, no calor da disputa. Uma palavra mais forte, um grito mais enfático. Um olho no olho raivoso.
Os aficionados por exercícios físicos podem escolher entre uma infinidade deles. Dos clássicos aos mais bizarros. Quem já ouviu dizer que passar roupa a ferro ao mesmo tempo em que rema um caiaque cai na categoria esportiva? Da mesma forma, correr com uma frigideira na mão e carregar uma panqueca provoca disputas acirradas, principalmente porque ao final do circuito, a panqueca deve ser jogada para cima e não pode cair! Quem se aventura a descer rolando uma montanha atrás de um queijo? Há freguês para tudo!
Ultrapassar a barreira de um time e levar uma bola ao final do campo adversário pode descrever uma série de jogos que têm um sem número de aficionados. Se nos atemos a bolas que são chutadas, identificamos o nosso futebol, o rugby dos ingleses e o futebol americano. Neste último, um jogo de contato por excelência, barrar a passagem do atacante que está abraçado à bola oval é o objetivo primordial de uma equipe que tem sua área invadida. Trombar e agarrar pode. Derrubar no chão também.
A oportunidade de assistir a um desses jogos no formato americano é cada vez mais fácil aqui no país do futebol. Então, preste atenção caso você veja uma partida do time Broncos de Denver: vai se deparar com a entrada em campo de um belo tordilho, montado por sua treinadora Ann Judge-Wegener, levando a torcida ao delírio. Mascote do time, ele festeja cada ponto (touchdown) indo de um lado ao outro do campo. Thunder tem entre suas diversas qualidades o fato de ser um puro-sangue... (adivinhe) Árabe! Este castrado tornou-se uma celebridade e não se apresenta apenas nos jogos, mas também performa em eventos e funções comunitárias.
Thunder é, na verdade, o nome artístico da “dinastia” de cavalos mascotes do Broncos. Thunder I era um garanhão de 1983, registrado como JB KOBASK, um descendente de BASK. Thunder II nasceu WINTER SOLSTYCE, que traz SALON e ASWAN em seu sangue, em 1994 e o atual Thunder é ME N MY SHADOW (CELEBES e ASWAN), de 2000. Castrado, ele é conhecido por sua atitude descontraída e por tirar umas sonecas durante os jogos quando pode.
O treinamento de Thunder inclui aprender a manter a calma no meio de toda a balbúrdia que é uma partida de futebol: a gritaria, a música, os fogos de artifício, os objetos jogados no campo, eventualmente a aterrisagem de paraquedistas. A treinadora Ann conta que os antecessores de Thunder III costumavam ficar tensos quando os torcedores faziam a “ola”, mas que ele é o único dos três que aceita de bom grado o uso de protetores de ouvido, daí sua tranquilidade. Outro dado interessante sobre Thunder foi a forma como o adaptaram à demarcação do campo de futebol. Para evitar a tendência a saltar as linhas brancas, foram pintadas várias no pasto para que os cavalos se habituassem a elas e finalmente as atravessassem com confiança.
Quem sabe no futuro poderemos ter mascotes Árabe chamados Príncipe, Mosqueteiro ou Raposa entrando nos campos de futebol pra fazer a alegria da galera? Ou, então, se você resolver torcer por algum time de futebol americano, escolha o Broncos de Denver, mesmo que este nome não tenha um significado muito lisonjeiro em Português. Afinal, eles carregam um cavalo Árabe no coração e você vai poder falar de peito inflado e sem medo de ser feliz: eu sou Bronco!

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