Publicado numa Revista Cavalo Árabe de 2014
O que seria da espécie humana se não fossem as paixões? A primeira e
maior delas, a paixão pela vida, foi a que nos trouxe até aqui. A partir de
então, o leque se abre e se expande. Se não fosse por elas, quem faria uma
fogueira em noite estrelada e cantaria modas, enquanto os cavalos descansam no
pasto? O que mais, além da paixão, leva o cavaleiro a levantar-se ainda de
madrugada e treinar sua montaria para vencer a próxima prova de tambores? E
qual é o nome daquilo que nos leva a passar horas estudando pedigrees de
cavalos? O que nos faz viajar quilômetros, cruzar fronteiras, para ver os mais
belos espécimes do cavalo Árabe, onde quer que estejam?
Neste momento, uma paixão nova se espalha no ar e leva centenas a se
comunicarem.
Eles invadiram as ruas e atrapalham o trânsito; transbordam pelas
escadarias de museus; transformaram estacionamentos em ponto de encontro.
Também se reunem em cafés, bares, shopping centers. São de todos os sexos,
todas as idades, das profissões mais variadas. Pais, mães, avós. Tem aqueles
que assumem sua paixão e outros que disfarçam dizendo: “é pro meu afilhado”...
mas todos eles empunham, esperançosos, figurinhas adesivas com fotos de
jogadores de futebol. O objetivo: trocar as suas repetidas pelas que lhes
faltam e completar o álbum da Copa.
Lançado em abril último no Brasil, com a proximidade do Mundial de
Futebol, a ânsia para finalizar as páginas do colorido álbum beira ao frenesi.
Impresso em 10 línguas e vendido pelo globo todo, são 640 cromos e estima-se
que com a compra de 150 pacotinhos — em livrarias e nas bancas de jornais e
revistas— o colecionador termine seu sonho.
Em tempos virtuais, a empresa que distribui os álbuns lançou um
aplicativo para celulares através do qual é possível organizar as figurinhas
entre “tenho, preciso, trocar”. Existe a versão online, que também permite as
trocas. No vácuo de tanto sucesso, há até o álbum com capa dura e uma caixa
apropriada para guardá-lo.
Há quem diga que o “Cristiano Ronaldo” é figurinha difícil. Outros acham
que é o “Neymar”, mas a verdade é que, com o código de defesa do consumidor tão
ativo, nenhum colecionador vai ficar de mãos abanando. É só ter paciência. Os
mais afoitos podem procurar pelos negociantes nos pontos de troca, que cobram entre
três e um real por uma figurinha, dependendo do suposto grau de dificuldade em
achar o atleta.
Idealizado antes das convocações para a formação oficial dos times,
existem alguns erros nas figurinhas do álbum. O querido e polêmico técnico
brasileiro e tetracampeão Luis Felipão Scolari não convocou o Robinho, que
consta como atacante do escrete nacional. Por outro lado, ficaram de fora dos
adesivos: Jefferson, Victor, Henrique, Maicon, Maxwell e Fernandinho. Mas não
se aflija, se você é perfeccionista, é possível achar na internet o cromo com
eles, basta clicar na foto e imprimir!
Tema de programas femininos, moeda de troca (ou coerção) entre pais e
filhos, presente para amigos, tal paixão faz com que se deixe aqui a sugestão:
que tal um álbum de figurinhas com o Cavalo Árabe?
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