Na revista Cavalo Árabe de Abril de 2019:
Tem gente que gosta de apreciar
arte. Tem gente que gosta de fazer arte. Há pessoas que nascem para serem
artistas; através de seu ofício, nos apresentam o belo, nos surpreendem. Este
último é o caso de Amanda Saladini Vieira. Jovem carioca, frequentadora da
serra e do litoral do Rio de Janeiro, sem nem ter ultrapassado ainda a barreira
dos 30 anos de idade, desde pequena criar foi seu pendor. Em suas próprias palavras,
conta: “me reconheço como desenhista desde pequena. É através das minhas
ilustrações que sempre me permiti ter acesso a um mundo fantástico onde realizo
meus sonhos, enfrento meus medos e realizo meus desejos.”
Talento indiscutível, Amanda é
multitudo: ela faz esculturas, pinturas e animações... Ela é disputada para
transformar em obras de arte portas de garagem, muros, paredes de consultórios
dentários... Pode usar uma folha de papel, ou telas de pintura e mesmo
madeiras. Como varinha de condão, traz seus crayons, ou o carvão e a tinta acrílica.
Ela fotografa e faz filmes. E esta pimentinha não tem o menor problema em
trabalhar na frente de uma plateia, que não atrapalha em nada sua concentração!
Foi um privilégio assistir aos
primeiros passos de Amanda, ainda garotinha, no seu contato com um Árabe. Com
curiosidade e total naturalidade acatou as instruções que lhe eram dadas da
beira da cerca; acertou a postura e entrou no ritmo do cavalgar numa cadência
perfeita.
Com o sorriso estrelado, a voz
rouquinha e o charme esfuziante, a artista frequentou todos os workshops sobre
cavalos que pôde: desde o western até a doma natural. Participou de diversas
provas de enduro com todo o entusiasmo que lhe é peculiar.
Não foi surpresa para ninguém
quando o Árabe passou a ser tema de destaque das obras de arte de Amandinha.
Aliás, alguns também já emprestaram seus lombos como tela para suas pinturas ou
participaram de seus experimentos fotográficos, seja quando se encarapitou no
telhado de uma baia para ter uma perspectiva diferente de um tordilho ou nos
ensaios noturnos com luzes e movimento.
Os equinos de Amanda podem ser
verdes ou azuis. Eles voam ou bebem água numa fonte. São feitos de ondas do mar
e também de galhos de árvores. Estão em bando ou um solitário animal passeia ao
luar. Os cabelos de uma silhueta feminina delineiam o perfil de um cavalo.
Potrinho e mãe trocam carinhos. Em uma animação, a figura feminina de uma índia
caminha ao lado de um cavalo e o movimento de pernas dela se confunde com os
das patas dele.
Como se fossem dois mundos
diferentes, dois torrões de terra estão suspensos no ar. Um deles é habitado
por um cavalo alazão ferrugem e o outro por um animal negro. Amandinha sabe que
cavalos são animais gregários, então, em seu desenho animado, o negro toma
impulso e, de um pulo, vai parar no pasto do vizinho. Resolvido o problema da
solidão.
Mas Amanda e sua arte não podem
ser contidas em apenas palavras e numa folha de papel. Elas precisam ser vistas
e apreciadas. E nem é com a velocidade que a cibernética hoje nos impõe: há
detalhes a serem descobertos; nuances a serem percebidas; ideias a serem
absorvidas; cores a serem apreciadas; formas a serem admiradas e ousadias a
serem aplaudidas.
No comments:
Post a Comment