Quando esta revista Cavalo Árabe
fechou, ainda não sabíamos o resultado da Copa Mundial de Futebol. Aliás, neste
momento, na televisão sem som, jornalistas se preparam para narrar o jogo do
Brasil com a Bélgica. O futuro vai nos contar como foi o desempenho da seleção,
se a tática da equipe liderada por Tite funcionou com perfeição e, para aqueles
que acreditam em sorte, se ela nos agraciou. Ao folhearmos esta edição, nossa
torcida já será outra.
A concentração não é mais em
torno dos canarinhos, mas dos cavalinhos – que os garanhões e eguaças perdoem o
termo, mas é puro carinho. A torcida colorida, barulhenta e entusiasmada olha
para uma pista de piso especial e não para o gramado verde cultivado da Rússia.
A previsão de tempo é de dias de inverno ameno, secos e com muito sol. Das
arquibancadas queremos apreciar o potencial, a essência do que é o cavalo Árabe
brasileiro na atualidade; veremos o moderno que, como o futebol, vai flutuar
diante de nós, chegará “na área” mostrando suas qualidades, sem burocracia ou
retranca, tendo passado por toda uma campanha durante o ano para estar aqui, no
Helvetia Riding Center, Indaiatuba, São Paulo.
Nosso ambiente é familiar, nossa
contenda é amistosa, mas disputada, de alto desempenho. Não utilizamos o
vídeo-arbitragem – a nova figura polêmica introduzida no mundo futebolístico,
que faz a alegria de uns e a tristeza de outros, o tal do VAR. Não precisamos
dele, nossos parâmetros são outros: concentram-se em requisitos físicos sutis,
porém inequívocos. Jogadas ensaiadas? Sim, claro, a performance correta é
fundamental. Arrancadas, fintas e passes não constam do nosso cardápio de
demandas. Porém, exigimos uma presença que desequilibre o quadro geral, que se
infiltre em nossas peles, em nossos corações, que conquiste, enfim, a posição
máxima entre seus pares.
Nossos atletas não se envolvem no
corpo-a-corpo, não rasgam meias ou camisetas, não dão cotoveladas; uma vez ou
outra há um pisão aqui, outro ali, mas sempre involuntários, são apenas
circunstanciais, pelo calor da disputa num espaço muito limitado. Se um deles
rola pelo chão foi porque perdeu o equilíbrio genuinamente, sem dramas ou
teatralidades. Nossos juízes não usam os cartões amarelo ou vermelho, mas suas
determinações são igualmente definitivas. Um código de comportamento existe e
deve ser respeitado.
Nas preliminares, alguns
contenderes tomarão a liderança, mostrarão seu diferencial e vão requerer
respeito. Aí, virão as finais. Sai na frente quem tem como tática uma
apresentação impecável. O elemento surpresa é a atitude. Contra-ataques
acontecem: quando no campeonato, um cavalo que não foi unânime em sua classe
acaba por bater outro que obteve o primeiro lugar de todos os árbitros em sua
categoria de idade. Não temos tiro de meta, escanteio ou cobrança de falta.
A disputa ocorre no tempo
regulamentar. Destaca-se o melhor, sempre, mas o fator momento é a diferença de
um chute espetacular a gol e o que bate na trave. E levanta a taça apenas um
entre todos os demais.
Hora de mandar o texto para a
gráfica, com a esperança de termos sido campeões e os desejos de uma grande
Nacional a todos, pedindo licença, o hino brasileiro vai começar a tocar em Kazan.
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