Tempo
Tenho pela frente o profundo
e o raso superficial.
No profundo me afundo
intenso, sem distúrbios emocionais,
até que os tambores de guerra
desfaçam o seu ressoar,
restabelecendo em prelúdio
cânticos de amor.
Tomo das vozes, atos e fatos
para beber da mesma água
impura que bebeste no copo
sujo e quebrado que
encontraste no lixo da rua
deserta de homens.
Tomo do sangue, da angústia e
da noite última em que se
bebeu o mundo e se abraçou
a miséria.
Nas fendas abertas na terra
nua e molhada de lágrimas,
penetram meus pés magros e inchados
de caminharem sem parar
por sobre as pedras que vão
trilhando os destinos
intermitentes e indefinidos
do meu tempo.
STOS
Fevereiro 1975
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