Wednesday, 25 October 2023

RIP Popó!

Conheci Popó no verão de 1977, ambos calouros da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ na Ilha do Fundão. Ele me estendeu a mão e se apresentou como Rapoport, eu achei graça e respondi: "Prazer, Barros" e foi assim que nos tratamos na maioria das vezes, ao invés de Ricardo e Nancy. Fazíamos parte do mesmo grupo de amigos, eu dava carona para ele que morava na Aperana no Leblon, junto com a Myrthes e a Gisele Roth. Fazíamos revezamento de carros. 

Muito loiro, olhos extremamente azuis, pareciam sempre arregalados por trás dos óculos de graus. Ligeiramente acima do peso, gostava de um bom argumento. Ricardo era judeu e às vezes aparecia na faculdade com um kipah (eu ia escrever "na cabeça", mas seria redundância) e um dia um cara perguntou por quê. Ele quis fazer uma relação com o terço dos católicos mas a coisa saiu meio enrolada.

Quando um professor se atrasou para dar aula, aguardávamos comportados, sentados no corredor da frente da sala e Popó teve a ideia de fazer um coral (ele também estudava música). Rapidamente estabeleceu a voz de cada um e a cantoria ficou linda!

O pai dele é o famoso pintor Alexandre Rapoport (CFH e eu temos vários quadros dele) e o traço/desenho de Ricardo eram idênticos ao do progenitor. Eu tive uma aquarela feita por ele, mas não sei onde foi parar, de um tocador de fagote (ou era um oboé). Aliás, um dos instrumentos que Ricardo tocava.


Popó era um conquistador na época da faculdade. Ele namorou a jornalista (bem conhecida) Puga, a nossa colega Cátia com C - um caso conturbado, e eu soube depois que se casou com a Denise, outra colega que era uma gracinha, até me espantei com a notícia.

Outra surpresa foi quando ouvi que, possivelmente, ele era o "mudinho", a figura que ligava para minha casa e não falava absolutamente nada. Minhas irmãs e eu reagíamos de todas as formas possíveis, puxando papo, gritando, acionando a descarga, batendo o telefone...Ele também se declarou para minha irmã, apaixonadamente.

Depois de formados, encontrei Ricardo andando na rua no Flamengo e ele estava com a cara ótima. Elogiei e pergunte o que fazia que estava tão bem. Ele respondeu que largara a Arquitetura e se dedicava à música.

Soube mais tarde que ele se mudou e morava em Paris como maestro. Com o evento do e-mail e do Facebook, procurei contato, sem sucesso. Alguns colegas confirmaram que, realmente, ele não estava a fim de se relacionar com o passado. Ok, estava no direito dele.

A turma tem um grupo no WhatsApp e, há coisa de uma semana, o Gilberto Silva postou que soube da morte de Ricardo Rapoport na França, mas sem maiores detalhes. Então, aqui estão meus desejos de que descanse em paz, meu amigo!

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