O Momento Brasil
Sacola
nas costas, uma pontada de fome no estomago, noite sem dormir direito, mas nada
disso importa, a viagem é para ver cavalos. A gente esquece a fila para
apresentar a passagem, as restrições no tamanho da bagagem, o tira sapato-cinto-laptop-celular-moeda
(ufa) da mala ou do bolso, a cara desconfiada do segurança, a criança que faz
manha bem no assento de trás e bate os pés em seu encosto. O banco apertado, o
ar-condicionado gelado, a comida fria, a música altíssima que vem pelo fone do
vizinho. Ouvem-se rumores de que na classe econômica vão cobrar pelo
refrigerante, como nos velhos tempos.
Uma
revista ajuda a distrair, a passar o tempo nas asas do avião. Nosso país recebe
destaque internacional nos assuntos mais variados possíveis. Muitas das vezes
as notícias são bastante otimistas: estamos agora reconhecidos pelos outros
como uma entre as dez maiores economias do mundo; como membro das Nações Unidas
fazemos bastante barulho; o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar os jogos
Olímpicos de 2016; nosso posicionamento com relação à proteção ao meio ambiente
é bastante claro e contundente; no momento oportuno a representação brasileira
no Haiti atuou impecavelmente no socorro às vítimas dos terremotos que assolam
a ilha, numa demonstração de solidez, amadurecimento e organização. Assim,
vimos sucessivamente provando que o Brasil não é só carnaval, caipirinha,
pulmão do mundo ou celeiro de astros do futebol... Por outro lado, o jornalista
Heródoto Barbeiro, da rádio CBN, toca diariamente falas extraídas da novela “O
Bem Amado” de Dias Gomes no início dos anos 1970, todas de sentidos tão atuais
que podem indicar que nada mudou na nossa política. Mas é melhor jogar o jogo
do contente, e deixar a politicagem de lado.
Seja
sob um sol intenso de cidade litorânea que só começa suas atividades a partir
das doze horas, ou sob a chuva fria do deserto num fuso de cinco horas mais
cedo, curioso e interessante notar nas exposições de Punta del Este, no Uruguai,
e de Scottsdale, nos Estados Unidos, a quantidade de animais nascidos no Brasil
e mesmo seus descendentes, que participam e obtêm bons resultados nos
julgamentos. Também o número de apresentadores e condicionadores que vão para o
exterior, contribuir com a criação do Árabe mundialmente. São milhares de
informações que bombardeiam os cérebros ainda desorientados com os costumes e
as diferenças climáticas. Mas aguenta-se firme, reveem-se amigos, comenta-se
com otimismo o impacto moderado que a crise econômica teve aqui, em comparação
com a América do Norte. Debate-se o futuro da criação brasileira e celebra-se o
fato de que na Nacional de 2009, com uma única exceção, dos cinco campeonatos
de halter, nas categorias masculinas, todos foram ganhos por “pratas da casa”,
ou seja, por cavalos tupiniquins.
foto: copa2014
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