Nos anos 1970, um caro amigo deixou comigo algumas poesias que acabaram esquecidas na gaveta de recordações. Compartilho-as aqui, já que não achei como devolvê-las. Vejam os anseios e pensamentos de um jovem há 39 anos.
TARDE
No meio da tarde, parado, sentado...
Lá fora o sol, morno, calmo.
Reflexos penetram pela janela da
sala onde estou, distante em pensamento,
absorvido e embriagado pela beleza, pelo
espetáculo da natureza.
Sentado na praia, e as ondas
trazendo espumas límpidas, conchas
e murmúrios, segredos tantos.
Agora compreendo o que tantas
vezes ele tentou dizer.
Há que se mergulhar, para no fundo
beber de seu mistério e, retornado
espalhar seus cânticos de sereias.
O grande Ulisses, filho de Ítaca,
penetrando no véu, rompendo fronteiras
e renascendo para o desconhecido.
Telêmaco aflito, quantos usurpadores...
E o disco de fogo, descendente, sereno
gigantesco e vermelho, se escondendo
na linha do horizonte.
O céu em chamas, resplandecente,
majestoso, mistura de cores e luzes,
espetáculo de deuses, tributo ao grande astro.
Concerto milenar, até que se apaguem
as luzes e a natureza cansada repouse
de sua grande obra.
Rio - Agosto, 1978
STOS
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