Texto publicado na Revista Cavalo Árabe de novembro de 2017
Este é um convite
para uma pesquisa. Considerando-se que o criador do cavalo Árabe está sempre no
garimpo para burilar a joia que tem em mãos, queremos seguir os rastros de um
reprodutor excepcional que habitou a constelação de celebridades vivas e há pouco
nos deixou.
Vidas fabulosas tornam-se lenda, seja ela real ou imaginária. Sua história
será lembrada, repetida, tomada como exemplo, festejada. Um ídolo ou modelo
torna-se lenda aos olhos dos que o reverenciam e atinge a categoria de mito com
o impacto que causa.
A imagem de
Monalisa, obra prima de 1503 por Leonardo da Vinci é real e tornou-se lenda
universal. Para isso bastou seu sorriso enigmático ou foi a técnica aplicada ao
quadro? Podemos creditar sua fama também ao histórico do pintor famoso da obra,
com suas múltiplas habilidades – inventor, matemático, arquiteto, homem de
visão, entre outras.
Átila, o rei dos
hunos, um povo que habitava a região europeia onde hoje é a Hungria, tornou-se
célebre por seus atos bárbaros. Sua lenda persiste desde os séculos V até os
dias de hoje. Pelé e Garrincha, astros do futebol nacional, são mitos em sua
área de atuação. Ayrton Senna, o ás do volante, uma lenda moderna.
Falamos de
impacto, popularidade e beleza, qualidades que se reúnem em torno da celebridade
que a comunidade do cavalo Árabe perdeu em setembro último. Com um longo
reinado, Padron’s Psyche, um belo alazão nascido nos Estados Unidos,
influenciou criações por todo o mundo e muitos de seus 1.200 filhos e filhas
enfeitaram estantes e paredes de seus proprietários com fotos, flâmulas,
filipetas, coroas de flores e troféus de campeões. A mesma proeza repetem seus
descendentes.
Real e bastante
concreto, Psyche é filho do também lendário Padron e tem o reprodutor russo
Aswan por três vezes em seu pedigree. Reconhecido por fazer bons “casamentos”
com todas as linhagens do cavalo Árabe: egípcia, polonesa, espanhola, russa e
norte-americana, foi lenda enquanto vivo e sua fama certamente se perpetua
através da qualidade de sua progênie. Aqui no Brasil temos alguns de seus
representantes que vale a pena serem pesquisados.
O garanhão
Padron’s Psyche faleceu aos vinte e nove anos de idade, tendo vivido desde 2009
na Bélgica, recebendo todos os paparicos a que teve direito, bem como as
reverências e os rapapés daqueles que o visitavam. O poeta americano Ralph
Waldo Emerson recomendava: “Quando nascestes todos a sua volta sorriam, só tu
choravas. Viva de tal maneira que, quando morreres, todos chorem e só tu
sorrias”. Psyche foi-se, com toda a certeza, com um sorriso nos lábios de
missão cumprida.
(Na foto de R. Sorvilo, um descendente de Psyche, GABRIEL BFA)
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