Friday, 8 June 2018

Legendas do Cavalo Árabe



Texto publicado na Revista Cavalo Árabe de novembro de 2017


Este é um convite para uma pesquisa. Considerando-se que o criador do cavalo Árabe está sempre no garimpo para burilar a joia que tem em mãos, queremos seguir os rastros de um reprodutor excepcional que habitou a constelação de celebridades vivas e há pouco nos deixou.

Vidas fabulosas tornam-se lenda, seja ela real ou imaginária. Sua história será lembrada, repetida, tomada como exemplo, festejada. Um ídolo ou modelo torna-se lenda aos olhos dos que o reverenciam e atinge a categoria de mito com o impacto que causa.

A imagem de Monalisa, obra prima de 1503 por Leonardo da Vinci é real e tornou-se lenda universal. Para isso bastou seu sorriso enigmático ou foi a técnica aplicada ao quadro? Podemos creditar sua fama também ao histórico do pintor famoso da obra, com suas múltiplas habilidades – inventor, matemático, arquiteto, homem de visão, entre outras.
Átila, o rei dos hunos, um povo que habitava a região europeia onde hoje é a Hungria, tornou-se célebre por seus atos bárbaros. Sua lenda persiste desde os séculos V até os dias de hoje. Pelé e Garrincha, astros do futebol nacional, são mitos em sua área de atuação. Ayrton Senna, o ás do volante, uma lenda moderna.
Falamos de impacto, popularidade e beleza, qualidades que se reúnem em torno da celebridade que a comunidade do cavalo Árabe perdeu em setembro último. Com um longo reinado, Padron’s Psyche, um belo alazão nascido nos Estados Unidos, influenciou criações por todo o mundo e muitos de seus 1.200 filhos e filhas enfeitaram estantes e paredes de seus proprietários com fotos, flâmulas, filipetas, coroas de flores e troféus de campeões. A mesma proeza repetem seus descendentes.
Real e bastante concreto, Psyche é filho do também lendário Padron e tem o reprodutor russo Aswan por três vezes em seu pedigree. Reconhecido por fazer bons “casamentos” com todas as linhagens do cavalo Árabe: egípcia, polonesa, espanhola, russa e norte-americana, foi lenda enquanto vivo e sua fama certamente se perpetua através da qualidade de sua progênie. Aqui no Brasil temos alguns de seus representantes que vale a pena serem pesquisados.
O garanhão Padron’s Psyche faleceu aos vinte e nove anos de idade, tendo vivido desde 2009 na Bélgica, recebendo todos os paparicos a que teve direito, bem como as reverências e os rapapés daqueles que o visitavam. O poeta americano Ralph Waldo Emerson recomendava: “Quando nascestes todos a sua volta sorriam, só tu choravas. Viva de tal maneira que, quando morreres, todos chorem e só tu sorrias”. Psyche foi-se, com toda a certeza, com um sorriso nos lábios de missão cumprida.


(Na foto de R. Sorvilo, um descendente de Psyche, GABRIEL BFA)

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