Publicado numa Revista Cavalo Árabe de 2014
A ciência nos premia constantemente com descobertas
fascinantes sobre tudo que a natureza cria e que nos rodeia. Assim vamos
aprendendo, algumas vezes até absorvendo conceitos de tal forma, que nos
esquecemos de admirar os milagres da natureza! No universo dos cavalos, algumas
novidades chegaram até nós.
Um — A mais espetacular delas refere-se
especificamente ao cavalo Árabe: sêmen congelado por 45 anos gera um filho do lendário
garanhão Aswan!
Acreditava-se até então que a qualidade do sêmen
congelado seria mantida apenas por dez anos. A surpresa foi apresentada no início
deste ano: Apollon, um potro tordilho, criado pelo tradicional Tersk Stud da
Rússia com a expectativa de que ele traga todas as qualidades do pai, como o tipo
Árabe e a performance atlética que fizeram Aswan e seus outros filhos serem bem
sucedidos e cobiçados em vários países, sendo estes negociados por altos
preços.
Aswan, um tordilho excepcional, nasceu em 1958 no
Egito e, na verdade, foi batizado Raafat. Para demonstrar seu agradecimento aos
russos pela ajuda na construção da represa de Aswan, usada para controlar as
águas do Rio Nilo, o governo egípcio mudou o nome de Raafat e o presenteou aos
soviéticos em 1936.
O responsável pelo procedimento de manipulação do
sêmen de Aswan que gerou Apollon foi Michael Atroschchanka e é interessante
notar que a reprodutora escolhida pelo Tersk Stud para este importante
cruzamento, Pelopia, também tem em seu pedigree uma significativa concentração
de sangue de Aswan.
Dois — Estabeleceu-se que há um gene da
domesticação e da docilidade, que transformaria determinadas espécies de
animais em mais fáceis de lidar!
Algumas variações genéticas resultam num
comportamento mais dócil, portanto, facilitando o contato com os seres humanos.
Polêmicas? Há sim, e sempre haverá... Mas como explicar que, dos 148 diferentes
mamíferos existentes na face da terra, apenas 15 conseguiram ser domesticados?
Os estudos têm sido feitos com ratos, cães e lobos, mas os pesquisadores afirmam
que as descobertas podem ser consideradas para outros animais, inclusive os de
grande porte como bois e cavalos. Estudos mostram que o cavalo foi domesticado
há 6 mil anos atrás na Eurásia.
Três — Felizes estudiosos canadenses e
dinamarqueses descobriram fragmentos ósseos fossilizados nas terras geladas do
Ártico do Canadá e assim conseguiram identificar o equino mais antigo do mundo,
que viveu há 700 mil anos.
Grande descoberta da paleobiologia — estudo de
fósseis — uma vez que foi possível recuperar o DNA deste animal pré-histórico e
estabelecer sua idade. O mais antigo genoma obtido até então era do Homem de
Denisovan com 70 mil anos. Detalhe curioso foi que dois dedos do cavalo
permitiram inferir que o tamanho dele não era muito diferente dos equinos da
atualidade. Obs.: nós costumamos esquecer que os cavalos na pré-história
possuíam quatro dedos, dos quais três evoluíram para o que são os cascos e o
último naquilo que chamamos de “castanha”, que se localiza na lateral dos
membros, pouco abaixo dos joelhos.
Então, se a ciência é um meio para descobrirmos as
“invenções” da Mãe Natureza, privilégio nosso ter a Ciência como ferramenta de
aprendizado!
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