A autora ousou ao reproduzir na trama de Carrossel a sensação do brincar num parque de diversão, no sobe e desce contínuo do brinquedo Carrossel, para trazer esse romance para o leitor – e conseguiu brilhantemente seu intento.
O Romance é narrado através de idas e vindas por grandes passagens de tempo e sendo conduzido a duas vozes principais: Rodney Assunção e Cleo Prado.
O romance também alterna cidades e países diferentes: Brasil e Estados Unidos.
O livro começa em flashback: Ique e seu irmão Rodney são crianças e Ique é salvo pelo irmão de afogamento…ou não.
Durante boa parte do romance, a morte de Ique é narrada como fato consumado, mas não descrita como realmente aconteceu, nem quando – O que me levou a crer que havia acontecido naquele momento do livro, porque a autora deixou o suspense no ar…
Ique morre, mas não naquele momento.
Quem de fato é Ique?
As ações de Ique continuam alterando a vida de todos, mesmo após sua morte…
Enquanto esse mistério não se desfaz, vamos conhecendo a vida de Rodney-agora já adulto- e de Cleo e seu pai, que sofre um AVC (acidente vascular cerebral), perde a capacidade de fala e durante breves momentos de lucidez tenta explicar para Cleo sobre negócios inacabados com Ique. E, para confundir ainda mais as coisas, Cleo envolve-se afetivamente com Rodney.
O romance é denso, num eterno revelar-se e esconder; o leitor fica confuso, intrigado, ansioso, e por fim, totalmente envolvido com o enredo, alternando em espiral vários aspectos na trama: romance romântico, falcatruas do mundo dos negócios, fazendas de cavalos árabes, doença degenerativa e muito mais, trabalhado com maestria.
A leitura requer um olhar mais atento aos detalhes, ao que é dito e especialmente àquilo que não é revelado.
As pontas soltas aqui e ali são costuradas em reviravoltas surpreendentes.
Recomendo.
Por Michelle Louise Paranhos, resenhista do Arca Literária e do blog Café Literatura
