Wednesday 8 August 2012

Chick-lit: Da Contracapa

Sob o Signo de Centauro



- Uma coisa que me ajudou a sobreviver dentro de casa, além do Rico,
foram os cavalos - continuou Laura. - Eu passava todo tempo que
sobrava da escola em Itaipava, no nosso haras e me transformava em
centauro. Aprendi a montar da noite para o dia, e aquilo foi uma
revelação e também uma redenção. Eu achava que era cavalo, comia todos
os legumes, verduras e frutas, só porque era isto que meus animais
amados faziam. Acordava antes de todos e amanhecia nas baias.
Perturbava os peões para me ensinarem tudo relacionado a cavalos, não
deixava ninguém sossegado. A ponto do Sr. Maqui proibir que eu fosse
pra cocheira sozinha, mas eu desobedecia. E era a única vez que o
desafiava, não tinha medo das consequências, nem dava bola pro que ele falava.
~~~*~~~
Fuga... Checou o relógio no painel à frente pela centilhonésima vez.
Os caras já deviam estar tomando café em algum botequim do centro da cidade.
Imediatamente seu estômago se contraiu. Havia dias que não conseguia
comer direito, coisa que não ajudava nada ao seu corpo franzino,
desprovido de carnes. Uma coisa é você idealizar um roubo, tudo na
cabeça, no hipotético - Uilton gostava dessa palavra -, a outra coisa
é colocar o plano em execução, principalmente tendo que contar com
ajuda de mais gente. Se você está sozinho, o controle é total...
Controle, controle, controle.
~~~*~~~
Laura Maqui e Uilton Jotabê atravessam os tempos sem nunca se encontrarem.
Uma bagagem extraviada pode mudar isto.

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