Wednesday 19 June 2013

Cavalo Árabe - Biblioteca


Texto publicado na revista do Cavalo Árabe

Um tesouro (nem tão) escondido

Levanta o dedo quem sabe a data do primeiro registro de um cavalo da raça Árabe no Brasil? Hoje em dia, pra quem não tem a resposta a essa pergunta na cabeça, é fácil sentar na frente do computador, entrar no site da Associação e se informar. Sobre isso e tantas outras coisas mais. E esses dados vieram de livros que alguém se preocupou em escrever...

Como a história do homem em fuga, montando seu cavalo importado, motivo de disputa. Lenda ou fato? Fato, claro! Carl Reinhart Schmidt era funcionário do californiano Kellogg e foi à Inglaterra buscar os cavalos do patrão, comprados no Crabbett Park. Lady Wentworth, dona do criatório inglês, deu um animal de presente a Carl e seu poderoso empregador não ficou nada satisfeito com aquilo, achando-se merecedor do mimo, tendo em vista a quantidade de dinheiro que havia gasto naquela compra. A briga entre os dois fez Carl, num ato desesperado, montar seu cavalo e fugir do haras, o que acabou resultando num ferimento mortal para o animal. De origem alemã, Carl estava transferindo sua residência para os EUA e decidiu adotar um novo sobrenome: Raswan, em homenagem ao cavalo que tanto amava. O “Index Raswan” conta as suas experiências convivendo por dezenas de anos com os beduínos, em 980 páginas escritas e outras tantas ilustradas.

Muitos tesouros em história a serem explorados ficam bem ali, no Pavilhão 11 do Parque da Água Branca: é a biblioteca Prof. Guilherme Echenique Filho, assim chamada para homenagear o criador responsável por escriturar os primeiros registros dos animais da raça Árabe no Brasil. Nosso “Primeiro Livro de Registros”, que mede 53 x 46 cm, com sua capa em compensado de madeira, é o maior e mais valioso de toda a coleção e tem lugar de destaque. Ele nos ensina que 1930 é o ano do pontapé inicial na oficialização da nossa criação, com o garanhão Rasul.

Os mais de 300 títulos das estantes do salão de entrada da Associação estão não só em Português, mas também em Francês, em Alemão, em Húngaro e inclusive em Árabe, como a obra doada pelo Conselheiro e Presidente da Associação, Roberto Dabdab, publicada pela Societé Royale d’Agriculture do Cairo no Egito. Amostra de nosso tão diversificado universo, a biblioteca também guarda catálogos, folhetos e as mais diversas revistas sobre o cavalo Árabe publicadas no exterior, como as da Polônia, da Suécia, da Itália, da África do Sul e as americanas.

Guardiã dos livros, também doadora e incansável no fomento da biblioteca, a nossa querida Maria Helena Vidal garimpa novidades, preciosidades e contribuições. Assim, ela conta sobre as publicações interessantíssimas, vindas de antigos presidentes ou diretores da Associação, como os seus três fundadores: Aloysio Faria, Oswaldo Gudolle Aranha e Diogo Branco Ribeiro. Há várias delas com dedicatórias dos generosos doadores e até dos próprios autores, como Judith Forbis no “Authentic Arabian Bloodstock”.

A edição mais antiga da biblioteca é “The Pure-Bred Arabian Horse” de Carlo Guarmani, publicado em 1866, uma contribuição da própria Maria Helena. Esse italiano foi responsável por selecionar garanhões para Napoleão III e Vitorio Emanuele II, estudou a vida dos nômades beduínos e contribuiu para o conhecimento da região com inestimáveis trabalhos cartográficos. Uma inusitada coleção com mais de 150 selos exclusivamente com o tema cavalos enfeita o arquivo, avisa Maria Helena.

Os novos criadores vão encontrar ali um guia que os oriente. Além disso, quem quiser fazer a lição de casa agora já sabe onde recorrer: pode consultar enciclopédias e aprender sobre freios e bridões, saber mais sobre enduro, ou sobre outras raças e a influência do Árabe nelas. A lista é extensa e o material em fotos e ilustrações é riquíssimo.

Vale uma visita à Associação só para ver essas jóias raras e contribuições são sempre bem-vindas. Fonte de pesquisa e de entretenimento, a biblioteca funciona como qualquer outra, do mesmo jeitinho que a professora nos ensinou na escola: emprestar é um prazer, devolver é um dever. Só não vale é rasgar, sujar, rabiscar...

O desenho do Menino Maluquinho do Ziraldo vem do Portal São Francisco.

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