Tuesday 21 August 2018

Poemas Esquecidos VI




Noite

Boca calada na noite de bichos
na escuridão, espreitando os
movimentos de duendes e espectros
noturnos.
Fogo-fátuo de algum animal 
enterrado, qual fantasma, surgindo 
devagarinho da terra quente, cansada.
Murmúrios de velhos velando no
relento do verão sem vento,
tentando a percepção e a captação
maior de forças cósmicas.
O rio dormindo e seu sono 
sendo levado pra algum lugar mais
distante, lá no fundo do vale,
por onde se estendem seus sonhos 
de caudaloso, profundo...
No céu a grande interrogação permanece,
e o olho do mundo na tentativa milenar
de penetrar as estrelas, filhas adultas
de galáxias longínquas por onde
andaram os deuses plantando sementes 
de homem.

STOS - Outubro 1977

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