Contar Histórias
Vivemos nesta terra de encanto, que vira escrete de seleção a cada
oportunidade, emoção a flor da pele e que também permite que misturemos as fés,
superstições e crendices, porque não custa nada se prevenir. Falar em fé, que
tal entrar no bolão do escritório? Afinal, quem não joga, não corre nem o risco
de ganhar.
Todo mundo tem uma historinha pra contar de uma Copa qualquer. Tem
aquela do guia de excursão que teve que ficar a noite toda, lá na Alemanha, ao
lado do chefe da torcida de um timão, logo que o Brasil perdeu da Holanda em
1974, porque o cara queria se matar e tiveram que amarrá-lo na cama. E o fulano
que em fevereiro de 2006 fez uma aposta ufanista numa casa de jogos na
Inglaterra e faturou uma grana boa quando se pagava o inacreditável e, por que
não dizer, insultante, sete por um na vitória canarinho?
Guardada com amor e carinho tem aquela camiseta de 1994, que era
vendida nos portões dos jogos na Califórnia/EUA com as dez razões mais
importantes para se amar o futebol brasileiro, tem listado nas costas: 1) Uma
festa a cada jogo, 2) Cada gol celebrado de forma extravagante, 3) Gols — um
monte deles, 4) Samba! Samba! Samba!, 5) Jogadores habilidosos e cheios de
estilo que jogam na ofensiva, 6) Os maiores fãs no mundo todo, 7) Diversão — no
campo e na plateia, 8) Cantar e dançar sem parar, 9) Pelé, 10) 1958,
1962,1970... 1994! E não deu outra.
Há um criador de Árabe que está na África do Sul, acompanhando a
seleção brasileira, a trabalho, coitadinho! Será que consegue voltar de lá
intacto depois do assalto das vuvuzelas? Ele conta que a camisa verde e amarela
garante a entrada em qualquer lugar do mundo. Recebemos uma de presente dele,
desenvolvida para ter um peso mínimo, fornecer conforto e ventilação e ser de
baixo impacto ambiental — uma camiseta que equivale a oito garrafas de plástico
recicladas. Fantástico. Ei, não adianta me perguntar quem ele é, que eu não
digo de jeito nenhum.
Quem não gosta de futebol tem a chance de aproveitar os dias de
semi feriado durante esta Copa do Mundo e passar um tempo com seus animais no
haras. E se não for fácil chegar até lá, arranje um canto tranquilo da casa e
coloque em dia as memórias de sua criação. Quantas histórias não temos para
contar, desde o primeiro cavalo (este ninguém esquece), a primeira prova, o
primeiro troféu, a primeira cria. É um bom momento de arrumar aquelas toneladas
de fotografias, montar a sua própria saga. Essa que é um fio do tecido da
criação do Árabe como um todo, com suas contribuições ao desenvolvimento e
aprimoramento dela... Divirta-se e deixe a vuvuzela cantar lá fora.
Em tempo,
ninguém merece aquele senhor do país vizinho cumprir a promessa de ficar pelado
em público, né não? Pé-de-pato-mangalô-três-vezes.
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