Restaurante Kaá
Festejava-se
a chegada de um bebê no novo restaurante. O ambiente diferente, na cidade de
São Paulo, tinha um paredão coberto de folhagens verdes, uma “lâmina” de água
(isto é vocabulário de arquiteto para lago ou piscina), e um “lounge” (palavra
em inglês que os moderninhos usam para descrever sala de espera). É possível
sentar em poltronas para degustar drinques e aperitivos no bar. Tudo muito
bonito.
Do
cardápio interessante foram escolhidos um tartar de atum com guacamole e
redução de beterraba como entrada (a descrição impressiona, não?), além de três
pratos diferentes de massa. As bebidas servidas estavam bem geladas e... Só. O
couvert sem imaginação é empurrado ao cliente; a comida vem quase fria (ou
quase quente, o efeito é o mesmo); o peixe tem cheiro e sabor muito fortes;
falta personalidade no tempero. Além disso, os garçons não se entendem e há
pressa em mandar o cliente embora: “Vamos adiantar um café, senhores?” Enfim,
salvou a refeição um outro garçom, simpático, que não cobrou a entrada.
Moral
da história: beleza não põe a mesa. É preciso combiná-la com outros
ingredientes para se conseguir resultado, para se obter gratificação. Como a
receita do garanhão, ele mesmo multipremiado, que, de 1997 a 2008, fez doze filhos
seus campeões ou reservados em categorias de halter de exposições Nacionais. Com
o detalhe interessante de que não importa a idade deles e que podem tanto ser
machos quanto fêmeas. Currículo impressionante de um cavalo da criação
brasileira.
Nascido
em setembro de 1988, ele viveu até os vinte anos de idade e deixou uma progênie
de peso entre nós. Tordilho extremamente carismático, de personalidade
marcante, a receita de seu pedigree trazia iguais proporções de sangues
egípcio, russo, doméstico americano e polonês. Mistura esta que resultou em
passaporte para diversos de seus filhos, que foram colher prêmios em outros
países. A pesquisa básica no nosso Stud Book Online indica o número de quatrocentos
e oitenta e cinco produtos registrados, entre machos e fêmeas – uau! Suas
filhas são sonho de consumo de criadores.
Há
poucos cavalos assim como Don el Chall, que crescem para além de nossas
cocheiras, ultrapassam nossas cercas e vão ser do mundo: com muita propriedade,
viram patrimônio desta sociedade que preserva o Cavalo Árabe. Aplausos para
ele.
Homenagens
feitas, falta desejar feliz 2009. E lembrar que está mais do que na hora de
fazer valer aquela lista de promessas de fim de ano: mais exercício, menos
fritura, arrumar os papéis daquela gaveta, aceitar convites de visita aos haras
dos amigos... Porque não tem nada mais gostoso do que aqueles dedos de prosa
equilibrados numa cerca — às favas o exercício, a comida saudável e a
organização da papelada —, a se observar aquela potrinha pernalta ao pé da mãe
ou o potro majestoso que promete dar trabalho a muitos numa exposição. Pode ser
à beira de uma represa ou no meio do cerrado brasileiro, vizinho a plantações
de amendoim, onde a gente vislumbra um veadinho ao final da tarde. O importante
é a troca de informações e de experiências.
Ah,
sim! Curiosos: o nome do restaurante é Kaá (mata, em tupi), no 279 da JK e, se
quiserem arriscar, o preço fica em torno de setenta reais por pessoa, com
sobremesa.
No comments:
Post a Comment