Impacto,
influência, preponderância. São três dos numerosos fios que usamos para tecer a
criação do cavalo Árabe, como se fosse um tapete artesanal, cuja elaboração tem
a participação e a dedicação de toda a família. E ao mesmo tempo em que
deixamos nosso cunho nesse tecido, também recebemos dele a marca do que se
tornou.
E o âmbito dessa troca de energias é grande, porque também ocorre de uma forma muito particular. Bóris, um dogue alemão daquele haras, sentia falta de companhia, quando uma fêmea da mesma raça, magra e com certeza faminta, foi vista perambulando numa estrada de terra. Tentou-se pegá-la sem sucesso. Durante alguns dias, várias pessoas comentaram sobre a andarilha, mas ninguém conseguiu capturá-la, até que apareceu amarrada por uma corda no pátio de um circo que visitava a cidade. O dono do circo foi abordado, mas ele se recusou a entregar a cadela para outro qualquer que não fosse seu proprietário comprovado.
Era do mesmo haras que Bóris a égua importada Gitara (pronuncia-se “guitara”), uma russa filha de Tallin, grande e castanha. Corredora, não havia possibilidade de, num passeio, qualquer outro cavalo ficar à frente dela. Temos a relatar o teimoso que resolveu montá-la usando apenas um short: o resto de seu fim de semana não foi nada confortável.
Ora, o certificado de registro de Gitara era todo escrito em alfabeto cirílico e abrangia desde gatos até gado, passando por cavalos e cachorros, cujos desenhos figuravam na página frontal. E lá foi um cara-de-pau carregando o papel e torcendo que seu golpe desse certo. O dono do circo ficou impressionado com aquele documento e entregou a cadela. Duas Gitaras viveram naquele haras por um bom tempo. A matriz russa junto com a dogue alemã e ambas fazem parte das historinhas que se gosta de contar aos visitantes.
Cavalos deixam sua assinatura numa lembrança única, mas também podem se tornar lendas mundiais. O encontro com uma delas repercute para sempre. Grande, tordilho, belíssimo, catalisador em sua figura de toda a potência do Árabe, ele estava num pavilhão rodeado de garanhões famosos na época. Visitamos todos, mas ao final, voltamos à baia de *El Shaklan. Foi fácil abraçá-lo pelo pescoço e trocar afagos.
Nascido na Floresta Negra da Alemanha no verão de 1975 veio ao mundo para brilhar. Passou com louvor em diversos testes de montaria, comprovando habilidade e disposição. Por suas qualidades foi campeão na Europa e na América. Em 1986 obteve o título máximo brasileiro. Resultado do inovador cruzamento, na época, entre um garanhão de sangue egípcio e uma reprodutora espanhola, os renomados Shaker el Masri e Estopa, respectivamente, diz-se novecentos os seus produtos, sendo que no Stud Book Brasileiro contabilizamos uma progênie de trezentos e oitenta e quatro, entre fêmeas e machos. Os filhos de *El Shaklan, com seus méritos próprios, só não foram campeões no continente Antártico, porque, como diz o Rogério, afinal não são pingüins!
Através dessas estrelas, a presença de *El Shaklan se perpetua além dos seus vinte e seis anos de vida. Então, anote na sua agenda: produto com esse sangue, você ainda vai ter um.
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