Repensando o feminino
A atriz Holly Hunter personificou a tenista Billy Jean King num filme drama/documentário que tem passado na televisão. Billy Jean estava com trinta anos quando foi desafiada por um campeão mundial que precisava se autopromover. Bobby Riggs percebeu a onda crescente do feminismo e aproveitou a oportunidade. Billy Jean era a melhor jogadora feminina das quadras naquele ano de 1973, mas recusou-se a dar atenção às provocações de Bobby. No entanto, outras tenistas aceitaram jogar contra ele, que as humilhou. Ela não suportou a pressão da “Batalha dos Sexos” e marcou a data do jogo. Foi um passeio: Billy Jean venceu os três sets, com muita classe e determinação.
O masculino e o feminino foram, são e serão sempre
comparados, é inevitável. Podemos olhá-los como melhor/pior, mais/menos,
forte/fraco, positivo/negativo — e não me entendam mal: a ordem em que escrevi
não tem nada a ver com “ele” ser as coisas superlativas e “ela” não. Na
verdade, acho que é preferível perceber masculino e feminino cada um com suas
qualidades específicas, como duas forças (literalmente ou figurativamente) que
se complementam.
Fêmeas e machos têm papéis distintos na história,
ambos com sua importância. De uma forma geral, o trabalho do macho é para fora,
é macro, é contundente, enquanto que o da fêmea é interno, é micro, é sutil,
embora igualmente eficiente e necessário.
Ainda este ano, na edição número 33 desta revista
falamos sobre elas, as matrizes e identificamos as mais celebradas do país.
Conjugamos o verbo reprodução na terceira pessoa do singular, feminino. Porém,
o assunto não se esgotou ali, porque agora, em nossos pastos, elas carregam nos
ventres os produtos com datas de nascimento 2010, o futuro de nossa criação. E
uma tendência de mercado se delineia: a grande oferta de éguas e a pouca
demanda por elas. Resultado dos programas de transferência de embriões, as
matrizes comprovadas são privilegiadas em detrimento das outras. A proposta
geral parece ser arriscar-se muito menos nos testes de qualidades de uma fêmea
do que já foi feito no passado.
Se até a pouco um criatório típico constituía-se de
um garanhão e diversas matrizes, hoje bastam poucas éguas, desde que se tenha
esquema de inseminação artificial e de transferência de embrião eficientes e,
certamente, um bom conhecimento do processo de reprodução. Isso leva o criador
tradicional a se confrontar com a questão de o que fazer com as matrizes excedentes
dentro de seu programa. Porque elas realmente “sobram”!
Sim, sabemos que a maior procura do consumidor
“genérico”, ou o dito usuário de cavalos, nos haras é pelos potros machos. E as
potrinhas continuam em casa... Algumas, de estrela brilhante, serão
selecionadas como matrizes. As outras, caso tenham sorte, poderão virar
receptoras.
Está na hora de aparecer éguas Billy Jeans nos
esportes do Árabe. Que elas mostrem que também são fortes, também são velozes —
já contei a história daquela russa que não deixava ninguém, macho ou fêmea,
passar a sua frente —, também são fiéis, e que podem proporcionar muitas
alegrias a seus proprietários.
No comments:
Post a Comment